Exposição homenageia o centenário de nascimento de Azor Feres

Dom, 20/11/2011 - 16:56

Entre os dias 24 de novembro e 4 de dezembro, o Clube Atlético Monte Líbano exibirá obras do pintor e advogado, filho de libaneses. Nesta entrevista, Carim Feres, filho de Azor, conta detalhes da vida do artista e de sua paixão pela pintura.

Entre os dias 24 de novembro e 4 de dezembro, o Clube Atlético Monte Líbano exibirá obras do pintor e advogado, filho de libaneses.Fazem parte da exposição também uma entrevista em vídeo realizada em 2005, ano de seu falecimento, e imagens de sua lua de mel em países do mundo árabe. Carim Feres, filho de Azor, conta, na entrevista abaixo, detalhes da vida do artista e de sua paixão pela pintura.

Quando e em quais circunstâncias a família de Azor Feres veio do Líbano para o Brasil?

Azor Feres era o 7º filho (de 12 filhos) de Youssef (José) Feres e de Helena Seba Feres, ele  nascido em Abedet e ela em Galbun, ambas pequenas vilas no Líbano. José veio ao Brasil por volta de 1896, e sua esposa chegou um ano depois, acompanhada de filhos pequenos.

Viveram numa pequena cidade mineira. Repentinamente Helena manifestou seu desejo de
deixar a cidade, ao que José concordou. Logo após houve uma epidemia que dizimou quase 50% da população daquela cidade. Na sequência estabeceram-se em Atibaia, onde José viveu como mascate até aproximadamente 1899. No início de 1900 estabeleceram-se no Largo da Estação, em Amparo, onde nasceram os outros 10 filhos, incluindo Azor.

De que forma Azor Feres ingressou na arte da pintura? Ele se dedicou a mais alguma atividade?


Azor começou a se interessar por pintura ainda pequeno. Desenhou uma marinha quando tinha 6 ou 7 anos, sem nunca ter visto o mar. Um pouco maior viu um pintor fazendo um quadro e apaixonou-se pelas tintas imediatamente. Como seu pai não queria tal distração na vida do filho, que pretendia médico, tentava impedi-lo de comprar tintas e pincéis, jogando-os fora e quebrando as telas. Ainda assim Azor pintava em qualquer tipo de local (cartolinas, papelões, madeiras) e usava pincéis velhos (as vezes mastigava a madeira do pincel).

Estudou medicina até o 4º ano e trancou essa faculdade após a morte de seu pai. Formou-se em direito. Advogou, teve fábricas (de tecido, de meias), incorporou prédios, mas paralelamente a tais atividades pintava, pintava, pintava...

Quais serão as obras expostas na Mostra? Como foi feita a seleção? As obras pertencem à família de Azor e a colecionadores?

A Mostra será organizada por décadas, ou seja, cada década terá um ou mais quadros representativos do período. A seleção foi feita com essa referência, sendo que a maior parte das obras são de propriedade da família, mas alguns colecionadores estão cedendo suas obras, como é o caso de Sonia Simão, que tem um quadro do rosto de seu pai, Gabriel Simão, retratado em 1941.

Além dos quadros, serão exibidos um filme e entrevistas com o artista. Em que circunstâncias esses materiais foram produzidos?


Em meados de 2005 fomos procurados por uma jornalista do “Tribuna do Direito” que queria fazer uma entrevista com Azor Feres e seu filho Carim José Feres, ambos advogados e artistas (pintor e humorista). Quando da entrevista, resolvemos filmá-la, sendo que a trechos da entrevistas foram enxertados trechos do casamento (em 1962) e de sua Lua de Mel (de 4 meses) no Líbano, Síria, Marrocos e outros paises.

Como foi a atuação de Azor Feres dentro da comunidade libanesa radicada em São Paulo?

Azor sempre foi muito atuante, ingressou como sócio do CAML logo que foi fundado, tendo sido 1º Secretário na gestão de Raphael Jafet (48/49), sendo um dos primeiros a trazer professores de Yoga para o Clube. Frequentava também a Igreja Ortodoxa no Brasil e a Sociedade Maronita.
 
Qual a importância da exposição para a divulgação da cultura árabe no Brasil?

Azor pintava tudo que via. As vezes pedia papel e lápis para fazer esboços e depois fazia os quadros (óleo sobre tela). Pintou muitas paisagens do Brasil e do mundo todo. Retratou o campo, praias, estradas, bairros.Tem quadros emblemáticos como: “SIMOUN” (O significado de simun é "vento quente e forte no deserto". Os camelos parecem desesperados e resistem ao comando de seus donos), “CEDROS DO LÍBANOS”, BEDUÍNO”, “A CAVALGADA”, “VEJA COMO ACENDO O CIGARRO” e outros tantos. Pintava cenas árabes como poucos pintores brasileiros. Reproduzia cenas que havia visto e algumas criou “de imaginação”. Desertos, caravanas, famílias, personagens e outras cenas árabes tornavam-se pura ARTE nas mãos do pintor, trazendo e imortalizando cenas da cultura árabe em nosso país.

Mais informações sobre a exposição em homenagem a Azor Feres