Na próxima quinta-feira (05/11) o Curso Panorama da Cultura Árabe II traz em sua quinta aula a exposição de Soraya Smaili sobre o tema “A ciência dos árabes em novo lugar”. De acordo com a professora, será apresentado um panorama geral a respeito das contribuições que os árabes deram ao desenvolvimento científico. “É importante mostrar o contexto histórico em que a civilização árabe islâmica se desenvolveu e por que foi um período tão intenso na busca do saber e na difusão do conhecimento”, afirma. Além disso, será mostrada a importância que esse período, que vai do século VII até o século XIV, teve no desenvolvimento científico nos séculos seguintes e os reflexos até os dias de hoje. “Por ter mais afinidade com o tema, vou falar um pouco mais da contribuição científica na área de medicina e química”, diz Soraya, que é diretora Cultural do Instituto da Cultura Árabe e professora associada e coordenadora da Pós-Graduação em Farmacologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) A professora enfatiza que também dará espaço às conquistas atuais dos pesquisadores que vivem no Mundo Árabe hoje, de alguns grandes cientistas de origem árabe que promoveram enormes descobertas e avanços para a Ciência. “Falarei ainda das mulheres cientistas, há várias atuando de maneira exuberante”, destaca. Soraya faz questão de lembrar que a ciência atual não seria o que é hoje se não fossem os cerca de oito séculos de conquistas da civilização árabe durante a Idade Média, em que a Europa estava mergulhada em um período obscuro de total retração intelectual. Durante a aula serão citados exemplos no campo da matemática, engenharia, física e química. “Só para se ter uma ideia, há um tratado de Medicina, escrito por Avicenna, que foi utilizado na prática médica até o século XIX e ainda hoje tem influência no ensino de anatomia e topologia. E existem muitos outros exemplos como este” salienta. A professora apoia sua aula em uma bibliografia diversificada, sendo que recomenda a leitura dos trabalhos do professor Ahmed Djebar, da Universidade de Paris, um estudioso do tema dos árabes. Há ainda as pesquisas dos professores brasileiros Jamil Skandar e Miguel Attie que têm estudado escritos importantes de alguns dos filósofos mais significativos do mundo árabe, inclusive Avicenna. Soraya destaca um livro importante, baseado em manuscritos traduzidos pela professora Safa Jubran, chamado “Livro do Tesouro de Alexandre”. “É uma leitura obrigatória para aqueles que desejam conhecer um pouco do universo filosófico e cultural de uma época que é pouco divulgada entre nós”, afirma. Desde os tempos em que fez mestrado Soraya se interessa em estudar filosofia e História da Ciência. “Há cerca de alguns anos tínhamos um grupo de estudos na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Depois acabei ministrando uma disciplina sobre História da Ciência e o Método Científico em curso de graduação e de pós-graduação, que são importantes em áreas de pesquisa como a medicina e farmacologia”, conta. Ela lembra que em determinado momento se deu conta de que existia (e ainda existe) nos ensinamentos mais formais uma lacuna, um período em que parecia haver um vazio. Depois descobriu que esse vazio na verdade não existe, mas que as contribuições dadas pelos árabes não estavam sendo apreciadas, divulgadas ou mesmo reconhecidas. “Então comecei a ler e falar mais sobre isso. Infelizmente ainda há muito o que percorrer neste sentido e temos que dar o devido espaço à ciência que foi feita naquela época. Afinal, foi a partir desta que surgiram ambientes que resultaram no conceito de universidade, o de centro de pesquisa e até o conceito de hospital e hospital-escola, que hoje parecem tão naturais, mas que antes dos árabes, não existiam”, ressalta. O Curso O curso teve início no dia 15 de outubro e segue até 26 de novembro. As inscrições para o programa completo já foram finalizadas, mas ainda podem ser feitas para aulas avulsas. (Saiba como acessando: http://www.icarabe.org/CN02/agenda/age_det.asp?id=266). As apresentações estão ocorrendo às quintas-feiras, das 19h30 às 22h, no Espaço Câmara Árabe (Câmara de Comércio Árabe-Brasileira - Av. Paulista, 326 - 11º andar, São Paulo). Cada uma das sete aulas tem um tema específico e é ministrada por um professor diferente, sendo que todos eles são sócios do Instituto da Cultura Árabe ou colaboradores desde a sua fundação. As próximas aulas do curso trarão os seguintes temas: A saga dos sírios e libaneses no Brasil, com Osvaldo Truzzi (UFSCar), e Arquitetura árabe: traçar, destraçar, retraçar, com Andrea Piccini (USP).