O grande escritor e membro do ICArabe, Milton Hatoum, foi contemplado no dia 29 de setembro com o 2º lugar na categoria Romance, na 51ª edição do Prêmio Jabuti, com seu livro “Órfãos do Eldorado”. A cerimônia de premiação ocorrerá dia 4 de novembro, na Sala São Paulo, quando serão anunciados os vencedores do Livro do Ano Ficção e o Livro do Ano Não-Ficção. Amazonense e descendente de libaneses, Hatoum escreveu outros três romances: “Relato de um Certo Oriente” (1990); “Dois Irmãos” (2000); “Cinzas do Norte” (2005), sendo o último vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Literatura e todos ganhadores do Prêmio Jabuti. Em “Órfãos do Eldorado”, o escritor conta a história de um passante, em uma cidade à beira do Amazonas, que vem procurar abrigo à sombra de um jatobá e dispõe-se a ouvir um velho com fama de louco. É o que basta para Arminto Cordovil começar a contar a história de Órfãos do Eldorado: a história de seu próprio amor desesperado por Dinaura, mas também a crônica de uma família, de uma região e de toda uma época que, à base da seiva da seringueira, quis encarnar os sonhos seculares de um Eldorado amazônico. Essa miragem mítica e histórica serve de pano de fundo a Órfãos do Eldorado e ao destino de Arminto Cordovil, dividido entre o amor pela moça misteriosa e as pretensões dinásticas do pai, Amando, armador enriquecido com a borracha. Na casa elegante em Manaus ou no palacete de Vila Bela, Amando nutre fantasias de proprietário e armador, que seu filho único teima em minar. Entre esses extremos que mal se tocam, uma galeria notável de mulheres. Angelina, a mãe morta; Florita, o anjo da guarda morena; Estrela, a bela sefardita e os homens de Estiliano, o advogado grego, a Denísio Cão, o barqueiro infernal que vivem na própria pele o fausto e os conflitos do ciclo da borracha nos anos que antecedem a Primeira Guerra Mundial. E, no centro de tudo, Dinaura, corpo estranho entre as órfãs das Carmelitas em Vila Bela, moça que parece filha do mato, lê romances, enfeitiça Arminto e sonha com a Cidade Encantada, a Eldorado submersa de que tanto se fala à beira do rio Amazonas. Órfãos do Eldorado Milton Hatoum. São Paulo: Companhias da Letras, 2008