José Farhat comenta: os equívocos da cobertura do Iraque

da Redação, com agências Reuters, AP e ANSA "Maliki anuncia reforma ministerial para conter violência sectária" Dois homens-bomba realizaram ontem um atentado na frente de um centro de recrutamento de policiais de Bagdá, deixando 35 mortos e 56 feridos. Em outros atentados, pelo menos mais 24 pessoas morreram na capital, no mesmo dia em que a polícia anunciou ter encontrado 100 cadáveres em Bagdá e em Baquba, cidade 50 quilômetros ao norte da capital – aparentemente vítimas de disputas sectárias, pois a maioria tinha as mãos amarradas ou sinais de tortura. Ao final do domingo, o saldo era de 159 mortos em todo o país. No principal ataque do dia, os dois suicidas agiram quase simultaneamente, às 10h da manhã. Eles explodiram os artefatos que levavam amarrados ao corpo próximo da fila de candidatos que aguardavam sua vez para se inscrever. O alvo do ataque não foi aleatório. A maior parte dos jovens iraquianos que se inscrevem para integrar a polícia é composta de xiitas. O atentado também foi um recado claro para a Casa Branca - o de que a insurgência pretende dificultar qualquer tentativa de pacificar o país. A formação das forças de segurança iraquianas é condição indispensável para a retirada das tropas americanas do Iraque. Irritado com o recrudescimento da violência sectária, o primeiro-ministro Nuri al-Maliki decidiu fazer uma reforma ministerial em seu governo, criado há apenas quatro meses. O anúncio foi feito num comunicado divulgado após uma sessão a portas fechadas do Parlamento. 'O primeiro-ministro pediu uma remodelação completa do gabinete, em função da situação atual do país', diz o comunicado, assinado pela assessoria de Maliki LEALDADE Dois deputados citados pela agência de notícias Associated Press contaram que o primeiro-ministro exigiu lealdade dos políticos a um Iraque unificado, e não a seitas religiosas ou partidos. Maliki também pediu aos parlamentares que parem com discussões menores . O premiê respondia, em parte, à acusação feita por alguns deputados de que o governo era conivente com massacres contra a minoria sunita. Dhafer al-Ani, do bloco sunita, disse que os comentários de Maliki foram 'decepcionantes'. Segundo Al-Ani, o primeiro-ministro estava deixando os sunitas à margem das discussões e havia feito ameaças. O deputado disse também que seu partido - o Frente Sunita do Acordo, que possui 44 das 275 cadeiras do atual Parlamento iraquiano - está repensando sua participação, indício de que alguns deputados podem deixar o Parlamento. Os Estados Unidos pressionam o governo iraquiano para desarmar as milícias xiitas, mas Maliki lembrou na sessão fechada que os sunitas também têm grupos que agem paralelamente às forças de segurança do país. 'Todos têm milícias, e não posso aceitar um governo feito de milicianos.' Os novos nomes que deverão integrar o gabinete de Maliki não foram anunciados pelo primeiro-ministro. Ele disse apenas que pretende fazer a escolha 'seguindo critério da competência'. Quatro soldados britânicos foram mortos após um ataque ao barco-patrulha em que eles estavam, em Basra, sul do Iraque. Com esse atentado, sobe para 125 o número de soldados britânicos mortos desde a invasão do país, em março de 2003. Em outro confronto , três soldados americanos morreram após combates ma província de Anbar, oeste do país. Com isso, sobre para 2.845 o número de americanos mortos no Iraque desde a invasão. (REUTERS, AP E AFP) TAMBÉM DO DIA 13/11 Necrotério de Bagdá recebeu 6.400 corpos em 4 meses O necrotério de Bagdá anunciou ontem que 1.600 corpos foram levados ao local no mês de outubro. O número é atribuído ao aumento da violência sectária entre xiitas e sunitas. A marca de outubro, porém, não é recorde: em julho, 1.815 corpos deram entrada no necrotério de Bagdá. De julho a outubro, mais de 6.400 corpos passaram por autópsia.