Silwan, cidade palestina que fica a sudeste da Velha Jerusalém, é lugar de sítios arqueológicos e ponto de passagem para os visitantes que querem conhecer e observar os lugares considerados sagrados pela religião e indispensáveis para contar a história. Mas o que poucos dos visitantes devem perceber é que a rica arqueologia na região da Palestina ocupada transformou-se em uma agressiva forma de expulsão de árabes da região de Jerusalém por parte de Israel. Durante a segunda semana de fevereiro de 2008, a associação Elad e a polícia israelense intensificaram suas operações contra cidadãos palestinos de Silwan. Moradores locais que protestaram contra as escavações conduzidas sob suas casas foram detidos para interrogatório. Após os protestos, os trabalhos nos sítios continuaram sob a supervisão e proteção da polícia israelense. A associação Elad, fundada e atuante desde 1986, tem trabalhado para fazer a limpeza na vizinhança de Wadi Hilwe, em Silwan, de seus habitantes palestinos há pelo menos uma década. A associação usa diferentes modos para atingir seus objetivos: compra casas legalmente ou forja e engana, utilizando uma rede de colaboradores que destrói a comunidade por dentro, principalmente usando as escavações arqueológicas e o crescimento do turismo como meios de expulsar os moradores locais. No relato do Comitê Israelense contra a Demolição de Casas, a Elad ganhou do Estado poderes de jurisdição sobre a área de Silwan que suplanta, inclusive, outros órgãos do governo israelense. O Estado de Israel deu total responsabilidade e controle sobre os sítios arqueológicos à associação, que, por sua vez, criou métodos para expulsar cidadãos de suas propriedades, apropriando-se de áreas públicas, cercando essas terras com cercas e guardas, e impedindo a entrada a residentes locais. O Elad monitora e executa agressivas escavações arqueológicas que são conduzidas secretamente e ilicitamente, ao mesmo tempo que viola códigos de ética sob a proteção de uma força privada de segurança. Algumas das instâncias israelenses que poderiam impedir os abusos do Elad, mas que estão, na prática, subordinadas às ações da associação, são a municipalidade de Jerusalém, os comitês de Estado, a Autoridade de Antiguidades, a Autoridade de Proteção da Natureza e de Parques Nacionais, e a agência de Proteção de Propriedade Ausente. Qualquer tentativa dos moradores locais de se levantarem contra o Elad é vencida por uma operação instantânea da polícia israelense e dos serviços de segurança (Shin Bet). *com informações do Comitê Israelense contra a Demolição de Casas (www.icahd.org)