Soraya Smaili, fundadora do ICArabe, ministra palestra sobre a “Era de ouro da Ciência”

Sex, 01/12/2017 - 00:24
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Por Clara Zaim

Como parte do ciclo "O Oriente: Identidades e idealizações" da Cátedra Edward W. Said - Unifesp, uma parceria entre a Universidade Federal de São Paulo e o ICArabe, a reitora da Unifesp e fundadora do ICArabe, Soraya Smaili, ministrou a palestra "A Era de Ouro da Ciência", na última segunda-feira, dia 27 de novembro.
 

A conferência apresentou um panorama geral das contribuições que os árabes deram ao desenvolvimento científico, a partir do contexto histórico de desenvolvimento da civilização árabe-islâmica. A apresentação também contemplou as conquistas atuais dos pesquisadores que vivem no Mundo Árabe atualmente e de alguns grandes cientistas de origem árabe que promoveram enormes descobertas e avanços para a Ciência. Percorreu um trajeto conduzindo o espectadores de Avicena aos dias atuais.

A palestrante discorreu sobre cultura e civilização nos períodos pré e pós-islâmico, formados por povos na Península Árabe a partir de 1500 a.C e pós início com o Profeta Mohamad (século VII d.C), Na Era de Ouro da Ciência houve a difusão da religião e da língua árabe, conquista de territórios e início da expansão, além do surgimento do Alcorão – o livro sagrado do Islã. A língua árabe passou a ser difundida por meio do Alcorão, unificando o Mundo Árabe e proporcionando o desenvolvimento do papel, da tradição escrita e da difusão do Islã. Com a busca pelo conhecimento nos séculos VII e VIII, houve a fundação da primeira biblioteca, traduções de textos pelos Califas Al Mansur e Al Mahdi, o mecenato por Al Rachid e primórdios da Casa dos Sábios.

Soraya Smaili ainda apresentou outros tópicos dentro do tema, como a expansão e difusão de outras culturas, a associação de antigas disciplinas e conhecimentos e o aprimoramento e enriquecimento da cultura em diversas áreas: língua e literatura, astronomia, matemática, medicina, geografia, agronomia e mecânica.
 

"Pudemos tratar um pouco da história do surgimento da civilização árabe e islâmica que nós conhecemos hoje. Teve início no século VII com a produção de uma gama muito grande de conhecimentos na medicina e na ciência. São conhecimentos de grande importância, que ocorreram até os dias de hoje. Foi naquele período que tivemos traduções de clássicos da Antiguidade, como Sócrates, Hipócrates e Aristóteles, entre outros, o que possibilitou que o conhecimento antigo não se perdesse durante a Idade Média”, ressalta Soraya.

O conhecimento foi traduzido pelos árabes e com isso os escritos foram guardados durante a Idade Média. Os árabes puderam usar esse conhecimento antigo para produzir novos conhecimentos na Ciência e por isso esse período é chamado a Idade de Ouro da Ciência. “É muito importante resgatarmos isso, pois não faz parte somente da história dos árabes, mas da história do mundo, como nós o vemos e como o mundo é hoje. O mundo atual deve muito aos árabes, por eles terem guardado esses escritos antigos e terem transformado em novos conhecimentos. A ciência é assim hoje porque os árabes fizeram todo um trabalho no passado. A ciência atual do Mundo Árabe conta com inúmeras universidades que continuam desenvolvendo pesquisa. Isso não é visto porque não é conhecido pelo Mundo Ocidental. É importante salientar que existe uma atividade pensante e um mundo universitário/acadêmico bastante atuante no Mundo Árabe" finalizou Smaili.