Governo brasileiro dá resposta moderada

Seg, 13/11/2006 - 11:50

O manifesto, enviado ao presidente e ao ministro das Relações Exteriores, teve respostas do assessor especial, Marco Aurélio Garcia, e do diretor do Departamento de Oriente Médio e Ásia Central, Sarkis Karmirian. Resposta não saiu da moderação diplomática.No dia 15 de julho de 2006, sob os impactos das ofensivas israelenses ao Líbano e à Palestina, o Icarabe lançou à sociedade o “Manifesto Em Defesa dos Direitos Sociais e da Convivência Internacional Pacífica”. Durante o tempo em que permaneceu publicado no site do Instituto e que rodou listas de emails, o manifesto recebeu adesões, que no final se constituíram em assinaturas de apoio à mensagem do Instituto. No dia 14 de agosto, o manifesto e as assinaturas coletadas foram enviados, anexados a uma carta (está disponível na seção de downloads) ao presidente brasileiro, Luís Inácio da Silva, e ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. O texto de apresentação dirigido ao presidente pedia que ele levasse em consideração e incorporasse os pontos ali expostos pelo Icarabe - e subscritos por entidades representativas da sociedade brasileira - em sua política externa. Uma semana depois, em 21 de agosto, a assessoria especial da presidência para assuntos de política externa, através de Marco Aurélio Garcia, respondeu ao manifesto do Icarabe em mensagem dirigida à presidente Soraya Smaili. O título da reposta era: “Líbano. Ações do Governo Brasileiro”. A resposta (seção de downloads) concentrou-se nas atitudes do governo brasileiro para salvaguardar a vida dos cidadãos brasileiros em solo libanês que estavam sob risco de morte. Marco Aurélio destaca que a administração Lula impõe repúdio a qualquer forma de terrorismo, e também a respostas desproporcionais. Lembrou ainda da ajuda que o governo mandou ao Líbano, atendendo a pedido que o primeiro-ministro libanês fez à comunidade internacional durante os ataques. {Trecho da carta de Marco Aurélio Garcia:”...O Presidente Lula manifestou ao Secretário-Geral das Nações Unidas e à comunidade internacional como um todo seu repúdio ao terrorismo, não importa sob que justificativa, e sua condenação à reação desproporcional e ao uso excessivo da força, que te resultado na morte de civis inocentes. Do mesmo modo, fez apelo por um cessar-fogo imediato, como base para uma paz negociada, justa e duradoura entre Líbano e Israel...”} Dois dias depois, em 23 de agosto, um outro documento foi encaminhado ao governo brasileiro. Desta vez por uma frente de movimentos e entidades da sociedade brasileira que formaram o Comitê de Solidariedade aos Povos Árabes. Neste documento havia uma série de reivindicações que o Comitê fazia ao Estado brasileiro para que agisse de modo a condenar e, dentro do que estivesse a seu alcance, interromper os ataques israelenses ao Líbano. Os quatro pontos colocados pelo Comitê eram: 1. Oponha-se publicamente ao massacre dos povos palestino e libanês por Israel; 2. Não assine o Tratado de Livre Comércio entre o Mercosul e Israel; 3. Retire imediatamente o Embaixador do Brasil em Israel, cmo forma de protesto; e, 4. Atue para se conseguir a reconstrução do Líbano e da Palestina e a reparação dos danos causados. A carta do Comitê foi entregue em uma reunião de representantes do Comitê em mãos do ministro Celso Amorim. O relato desta reunião pode ser visto em texto de José Farhat, representante do Instituto da Cultura Árabe – um dos fundadores do Comitê - na reunião. Na mesma semana, o Instituto recebeu uma outra resposta para seu manifesto. O diretor do Departamento de Oriente Médio e Ásia Central do ministério das Relações Exteriores, Sarkis Karmirian, mandou uma carta de sete páginas (na seção de downloads), onde detalhava e comentava a posição que a administração de Lula mantém em sua política externa diante dos pontos levantados pelo Icarabe. Francisco Miraglia, diretor do Conselho Cultural e Científico do Icarabe, explica que o Instituto procurou agir de duas formas: “uma, procurar intervir de alguma forma e dar um breque nos ataques israelenses ao Líbano, e, dois, dirigir-se à opinião pública e criar uma manifestação dentro da sociedade brasileira para pressionar uma ação do governo brasileiro”. No entanto, afirma Miraglia, a resposta que veio de Brasília não correspondeu ao que era esperado. “A resposta que chegou até nós do governo foi muito diplomática diante dos pontos que colocamos. Não houve uma declaração direta contra os ataques israelenses ao Líbano. Disseram que ‘achavam que os ataques eram desproporcionais’. Tampouco criticaram a forma como Israel trata e lida com a Autoridade Nacional Palestina”.