Diretor egípcio Ahmed Rashwan lança filme sobre a Primavera Árabe no CCBB, neste sábado

Qui, 19/07/2012 - 09:19
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Convidado especial da 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, Rashwan, que estará no CCBB para o lançamento de “Nascido em 25 de Janeiro” e um encontro com o público, falou ao portal ICArabe sobre o momento histórico que inspirou o filme.
 
O dia 28 de janeiro de 2011, a chamada “Sexta-feira da Ira”, quando a população egípcia passou a exigir a saída imediata do então presidente Hosni Mubarak, marcou a concepção do filme “Nascido em 25 de Janeiro”, do diretor Ahmed Rashwan, que integra a 7ª Mostra Mundo Árabe de Cinema. Foi naquele dia que ele e outros artistas egípcios tomaram as ruas do Cairo em direção à Praça Tahir para juntar-se à população nos protestos. “Decidimos que participaríamos e também de que forma ocuparíamos a praça, partindo de diferentes pontos da cidade, para dificultar a ação policial”, relata Ahmad Rashwan.
 
Com a câmera na mão, o cidadão Rashwan começou a documentar a participação popular. O diretor de cinema só entraria em ação quatro meses depois, quando Rashwan decidiu transformar em um filme-documentário tudo o que havia vivenciado e registrado no período. “Queria filmar tudo o que via ali, pois, de certa forma, todos nós sentíamos que aquele seria um momento importante. A toda hora, víamos a quantidade de pessoas nas ruas aumentar e começamos a entender a força daquele movimento.”
 
Rashwan relembra os momentos mais tensos que vivenciou ao registrar a violência contra a população nas ruas e o medo que pairava no ar. “Havia muitos rumores que eram espalhados para amedrontar a população. Isso intimidou no começo, mas o povo foi ganhando força e as estratégias de intimidação não conseguiram prevalecer.”
 
A pluralidade da participação popular é, para ele, um dos aspectos mais marcantes. “Víamos homens e mulheres, pessoas de diferentes classes sociais e profissões, religiosas ou não, idosos e crianças. Foi um momento de união pelo desejo de mudança", afirma o diretor, que levou à Praça Tahir seus filhos de 8 e 11 anos
 
Rashwan ressaltou ainda a importância das redes sociais para a realização dos protestos. No começo, as pessoas avisavam umas às outras pelo Facebook e pelo Twitter. Quando o governo decidiu controlar a internet, já era tarde. O movimento já havia tomado força. Digo que a internet teve um papel importante, mas foi a vontade do povo que tornou possível que tudo acontecesse.”
 
Concluídas as eleições que levaram a Irmandade Muçulmana ao poder, a população egípcia anseia agora por melhorias econômicas, sociais e educacionais, como relata Rashwan. “Será um processo lento, mas já temos uma grande vitória, que foi a derrubada de uma ditadura.”
 
Pelas lentes de Rashwan, o espectador vivencia quatro meses da revolução que concentrou as atenções do planeta. Mas, como o próprio diretor faz questão de lembrar, seu filme não diz respeito apenas àquele período, entre 25 de janeiro e 27 de maio. “O dia 27 de maio não é o final porque a revolução continua.”
 
Neste sábado, dia 21, às 19h30, o público brasileiro poderá assistir ao filme, que tem lançamento exclusivo no CCBB-SP, e ouvir do próprio diretor um relato emocionante sobre esse momento histórico para o Egito e para o mundo.
 
 
Serviço:
 
O quê: Lançamento do filme “Nascido em 25 de Janeiro” e encontro com o diretor Ahmed Rashwan e s diretores do filme “Sobre Futebol e Barreiras”, Arturo Hartmann, Lucas Justiniano, José Menezes e João Carlos Assumpção
 
Quando: dia 21, sábado, às 19h30
Onde: CCBB - Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – São Paulo

Quanto: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia)

Informações: (11) 3113-3651/3652
 
Veja a programação completa da Mostra:
 
http://mundoarabe2012.icarabe.org