Entidades iniciam campanha para condenar Bush por crimes de guerra

Qui, 01/09/2005 - 13:50
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Primeira fase será a coleta de assinaturas que serão enviadas para a ONU com pedido de julgamento de George Walker Bush por crimes de guerra, no Iraque e no Afeganistão.Objetivo da campanha lançada no dia 23 de agosto em São Paulo, por instituições como a Cebrapaz, MST e CUT: reivindicar o julgamento e condenação pela ONU (Organização das Nações Unidas) do presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, por crimes de guerra cometidos no Iraque e Afeganistão. Segundo o jornalista Altamiro Borges, membro do Cebrapaz-SP (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e de Luta pela Paz), entidade que encabeça a iniciativa, o objetivo inicial é coletar até o final de setembro 100 mil assinaturas para um abaixo-assinado a ser encaminhado à ONU (a versão eletrônica encontra-se disponível no site www.cebrapaz.org.br) Com a mobilização, conforme a presidente da instituição em âmbito nacional, Socorro Gomes, a meta é ainda fortalecer a cultura contra a guerra. “Ao lutarmos pela paz, precisamos definir quem a ameaça no mundo. Tanto no Afeganistão quanto no Iraque houve a destruição das condições de vida e o grande responsável por isso é o império estadunidense, sob o comando de Bush”. Para ela, esse é hoje o maior inimigo da paz e sua doutrina de guerra preventiva ameaça toda a humanidade. Para garantir sua condenação política e moral, existe a proposta de lançamento até o final do ano do “tribunal de consciência” no Brasil. Seria algo nos moldes do Tribunal Russel, segundo informação do site da CUT (Central Única dos Trabalhadores), instalado pela primeira vez em 1967 pelo professor Bertrand Russel, matemático inglês e prêmio Nobel de Literatura em 1950, por ocasião do julgamento dos crimes de guerra dos Estados Unidos cometidos contra o Vietnã. Ainda que não-oficial, esse tem sido um instrumento utilizado “por entidades da sociedade civil em diversos países do mundo, com o objetivo de denunciar violações na área dos direitos humanos e, em particular, crimes de guerra, contra povos e a humanidade”. Na opinião de João Felício, presidente nacional da CUT, ao menos nesse fórum popular não caberia direito de defesa a George Bush. “Ele tem que ser condenado pela história, além de merecer a repulsa e indignação das pessoas”, afirma. De acordo com Felício, a idéia, para tanto, é esclarecer a população em geral sobre os efeitos do imperialismo estadunidense, em especial nesse continente, e assim elevar o nível de consciência junto à sociedade. Max Altman, presidente do Comitê Brasileiro de Solidariedade aos Cinco Cubanos presos nos Estados Unidos e membro da Secretaria das Relações Internacionais do PT, acredita que essa ação simbólica deve abarcar todos os amantes da paz, sem distinção. “A luta contra a guerra é central no mundo inteiro. É preciso que saibamos ampliá-la, pela retirada das tropas estadunidenses do Iraque e Afeganistão. Essa será uma vitória de todos”, conclui. INJUSTIÇA CONTRA A HUMANIDADE A morte de milhares de inocentes no Iraque e no Afeganistão, e também na Palestina, onde a ocupação sionista é financiada pelos Estados Unidos, foi lembrada por Marcelo Buzetto, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Para demonstrar a necessidade de resgatar o sentimento de solidariedade, ele recorreu à frase do Corão, livro sagrado para os muçulmanos. “Nele, é dito que se você comete uma injustiça contra um inocente é como se a tivesse cometido contra toda a humanidade.” Nesse sentido, Buzetto considera que a campanha “se soma ao movimento das mães e mulheres de soldados estadunidenses que serviram de bucha de canhão no Iraque, acampadas em frente à fazenda de Bush no Texas para que sejam retiradas as tropas daquele país”. É, ainda na sua opinião, uma iniciativa que visa resgatar o direito à resistência dos povos e de legítima defesa. “Toda vez que um povo se levanta em busca da transformação social vem a ofensiva dos Estados Unidos para tentar abortar a revolução”. Os exemplos pipocam pelo mundo. Para fazer frente a isso, na América Latina, sindicalistas do Chile, Cuba e Venezuela presentes ao ato de lançamento da campanha na Capital paulista propuseram a unidade na luta.